Saturday, 02 July 2016 20:05

20. Igreja em Tiatira,  afinal de contas, quem é Jezabel? * Apocalipse 2:18-29, Part 2 de 3

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18  Ao anjo da igreja em Tiatira escreva: Estas são as palavras do Filho de Deus, cujos olhos são como chama de fogo e os pés como bronze reluzente.

19  Conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua perseverança, e sei que você está fazendo mais agora do que no princípio.

20  No entanto, contra você tenho isto: você tolera Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa. Com os seus ensinos, ela induz os meus servos à imoralidade sexual e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos.

21  Dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua imoralidade sexual, mas ela não quer se arrepender.

22  Por isso, vou fazê-la adoecer e trarei grande sofrimento aos que cometem adultério com ela, a não ser que se arrependam das obras que ela pratica.

23  Matarei os filhos dessa mulher. Então, todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês de acordo com as suas obras.

24  Aos demais que estão em Tiatira, a vocês que não seguem a doutrina dela e não aprenderam, como eles dizem, os profundos segredos de Satanás, digo: não porei outra carga sobre vocês;

25  tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha.

26  Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações.

27  "Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará a um vaso de barro"

28  Eu lhes darei a mesma autoridade que recebi autoridade de meu Pai. Também lhe darei a estrela da manhã.

29  Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.


PARTE 2

Como vimos no estudo #13, Jezabel era uma princesa fenícia, que se casou com Acabe, rei de Israel. Ela era filha do rei de Sidom e Tiro, Etbaal. Eles adoravam o deus Baal, que supostamente tinha poder sobre relâmpago, vento, chuva, e fertilidade. Jezabel exercia uma grande influência sobre Acabe e os israelitas. Ela os levou à apostasia, idolatria, e conduta imoral. E o rei Acabe encorajou o povo ainda mais a abandonar o culto ao verdadeiro Deus (1 Reis 21:25). A Bíblia diz que Acabe “provocou a ira do Senhor, o Deus de Israel, mais do que todos os reis de Israel antes dele”(1 Reis 16:32-33). Um dos primeiros erros de Acabe, foi, na verdade, ter se casado com uma mulher pagã. Deus havia ordenado que os Israelitas não deveriam se casar com pessoas das nações pagãs ao seu redor (Deuteronômio 7:3-4).

Deus mandou o profeta Elias para se encontrar com Acabe e Jezabel. Por causa da desobediência deles, não haveria nem orvalho nem chuva por alguns anos (1 Reis 17:1). E assim foi, exatamente como o profeta havia falado, e a seca durou por três anos e meio (Lucas 4:25; Tiago 5:17). Apos dar a notícia ao rei, Elias fugiu para o deserto, onde Deus o alimentou todos os dias. (1 Reis 17:1-7). Ele ficou refugiado durante os anos da seca.

Ao fim desse tempo, Deus ordenou que Elias voltasse para Acabe. A seca foi muito severa. A fome havia se espalhado por toda a região. Durante esses três anos e meio, Jezabel estava ocupada, matando os profetas de Deus. Obadias, trabalhava para o rei, mas era um fiel servo do Senhor. Ele estava protegendo 100 profetas de Deus em duas cavernas, e providenciava água e comida para eles (1 Reis 18:4). Elias retornou, e foi se encontrar com Acabe. O rei havia parado de seguir os mandamentos de Deus, e ao invés disso, estava seguindo os rituais de adoração a Baal (1 Reis 18:18). Elias pediu que Acabe reunisse o povo para que pudessem se encontrar com Elias no Monte Carmelo. Ele também pediu que o rei trouxesse consigo 850 profetas pagãos, profetas que comiam à mesa de Jezabel (1 Reis 18:19). Quatrocentos e cinquenta desses profetas, eram de Baal. Essa reunião não era segredo. Todos os Israelitas estavam ali. O povo se encontrava dividido, entre o culto ao Deus de Israel, e as práticas pagãs promovidas pelo governo.  Eles não haviam abandonado por completo a crença israelita e nem aderido inteiramente à cultura pagã. Elias apelou para o povo, chamando-os a tomar uma decisão, e parar de oscilar entre Deus e Baal (1 Reis 18:20-21). Mas eles não responderam.

No monte Carmelo, Elias estava sozinho de um lado, e 850 profetas pagãos do outro. Estava para acontecer um momento crucial da História do povo de Deus. Tanto Elias quanto os profetas de Baal prepararam um sacrifício. O sacrifício que fosse queimado com fogo vindo do céu indicaria quem era o Deus verdadeiro (1 Reis 18:22-24). Os profetas de Baal oraram e cantaram o dia inteiro, de manhã até o fim da tarde, e não tiveram resposta. E então foi a vez de Elias no fim do dia. Todos os olhos estavam fixos nesse homem em pé, ao lado do altar erguido para o Senhor. Elias orou uma só vez, e Deus enviou fogo do Céu, que consumiu até o chão ao redor do altar (1 Reis 18:38). Deus respondeu a oração de Elias: "Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, seja manifestado hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra tenho feito todas estas coisas. Responde-me, ó Senhor, responde-me para que este povo conheça que tu, ó Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração." (1 Reis 18:36-37).

Deus havia dado exatamente três anos e meio para Acabe, Jezabel, e o povo de Israel, mas eles não se arrependeram. Após Deus ter consumido o altar com fogo, Elias orou por chuva sete vezes, até que ele viu uma pequena nuvem escura no horizonte. E então veio uma forte chuva. Acabe voltou para casa, e contou para Jezabel tudo o que havia acontecido (1 Reis 19:1). Ele contou para ela como Deus havia enviado fogo do Céu, e como todos os profetas pagãos haviam sido mortos à espada logo após a demonstração do poder do Senhor. Deus havia deixado tudo muito claro a Seu respeito. Ainda assim, Jezabel não se arrependeu. Inclusive, após ouvir o relatório de Acabe sobre o ocorrido no Monte Carmelo, ela deu a ordem para matarem Elias (1 Reis 19:2). Mas Deus continuou a proteger Elias, e ele não morreu. Ele permaneceu fiel, e, algum tempo depois, Deus o levou para o Céu, em uma carruagem de fogo (2 Reis 2:11).

Jezebel continuou fazendo o mal aos olhos do Senhor. Um evento selou seu destino. Foi o incidente com Nabote. Nabote tinha uma vinha perto do palácio de Acabe, e Acabe quis comprá-la. Nabote respondeu que não poderia vendê-la. Quando Jezabel ficou sabendo, ela elaborou um plano, e disse ao seu marido que ela iria conseguir a vinha para ele (1 Reis 21:7). Ela escreveu uma carta, como se fosse o rei, e até usou o selo oficial de Acabe. Jezabel organizou uma fasta em honra a Nabote. Ela o colocou sentado em um lugar de destaque, mas também colocou dois homens de confiança sentados perto dele. Esses homens haviam sido instruídos para matar Nabote em um determinado momento durante a festa. Quando esses homens de Jezabel levantaram falsas acusações contra Nabote, eles o levaram para o lado de fora, e o apedrejaram até a morte (1 Reis 21:10). Quando Acabe ficou sabendo da morte de Nabote, Jezabel o encorajou a tomar posse da vinha. E foi o que Acabe fez. Por causa desse incidente, a morte de Jezabel foi profetizada, e também a morte de Acabe e de seus filhos homens (1 Reis 21:20-25;  1 Reis 22:34-38;  2 Reis 9:6-10). Eles morreram exatamente como Deus havia revelado aos profetas. Jezabel foi devorada por cães, e ninguém pôde reconhecer seu corpo (2 Reis 9:30-37).

Jezabel teve uma filha, chamada Atalia. Ela era tão má quanto a mãe. Atalia mandou matar todos os seus parentes, incluindo seus netos, para que ela pudesse se tornar a rainha de Israel (2 Reis 11:1). Todos, com exceção de um dos descendentes morreram. Um menino sobreviveu, que foi mais tarde coroado como rei, quando tinha apenas 7 anos de idade. (2 Reis 11:2-3;  2 Reis 11:12;  2 Reis 11:21). Ele restabeleceu a adoração ao Deus verdadeiro durante o seu reino. A rainha Atalia foi sentenciada à morte por causa de todas as atrocidades que havia cometido (2 Reis 11:15-20).

Deus havia dito, através dos profetas Elias e Eliseu, que um rei chamado Jeú iria matar todos os descendentes de Acabe, do sexo masculino. Acabe havia falhado em seguir os mandamentos de Deus (1 Reis 18:18). Jaú matou os filhos de Acabe, como também os profetas de Baal (2 Reis 9 e 10). Mas o próprio Jeú também não fez tudo o que Deus havia pedido. Jeú não seguiu a Lei de Deus com todo seu coração, e Deus permitiu que o território de Israel fosse reduzido (2 Reis 10:31-32).

Durante os três anos e meio de seca no tempo de Jezabel, a divulgação da palavra de Deus em Israel estava escassa. Jezabel estava matando os profetas do Senhor. A seca espiritual, ou fome da Palavra, é sempre mais séria do que a devastação causada pela falta de chuva. Mas Deus é tão misericordioso e tão amoroso, que Ele dá tempo para as pessoas ouvirem Sua verdade. Na Bíblia, esse tempo é frequentemente marcado pelo número 3,5 (metade do número 7):

- Abraão e Isaque fizeram um viagem de três dias e meio até o monte Moriá, onde Abraão teria que oferecer Isaque em sacrifício. A Bíblia diz que eles caminharam por 3 dias, e alí deixaram os 2 servos que os acompanhavam, e dalí prosseguiram para o local que Deus havia determinado. * Gênesis 22:1-6;

- No terceiro ano de seu reinado, o rei Assuero deu uma festa que durou 6 meses. Ao fim desse tempo, foi dado início à procura de uma nova Rainha. Ester, uma jovem judia foi a escolhida. Ela pode então salvar o povo judeu da destruição. * Ester 1:1-22;

- Profecia de Daniel: o povo de Deus estaria sob o domínio do quarto reino (Império Romano) por um tempo, tempos, e metade de um tempo ("tempo" é igual a 1 ano profético, "tempos" são 2 anos proféticos, e "metade de um tempo" é igual a 0,5 ano profético; que dá um total de 3,5. * Daniel 7:25; Daniel 12:7);

- O ministério de Jesus durou três anos e meio, antes de Sua crucifixão. (Cerca de 6 meses após o começo de Seu ministério, Ele próprio usou a linguagem profética de 1 dia = 1 ano  [Ezequiel 4:6-7; Números 14:34; Levíticos 25:8], quando profetizou a respeito da duração do Seu trabalho. * Lucas 13:32);

- Estevão foi apedrejado por sua fé em Jesus três anos e meio após a morte de Cristo, marcando a profecia de Daniel 9:24-27 (apedrejamento de Estevão: Atos 7:54-59);

- Os gentios pisarão a cidade santa por 42 meses (42 meses = 3,5 anos, que é o tempo profético que os cristãos sofreriam opressão e perseguição. * Apocalipse 11:2);

- As duas testemunhas de Jesus iriam profetizar vestidas em saco por 1260 dias (1260 dias = 3,5 anos, que é o período profético onde o povo de Deus sofreria perseguição por ser testemunha da verdade de Cristo. * Apocalipse 11:3);

- A mulher que havia dado à luz a um filho varão, fugiu para o deserto por 1260 dias (1260 dias = 3,5 anos) * Apocalipse 12:6. Lá ela seria cuidada durante o período profético de tempo, tempos, e metade de um tempo (= 3,5 anos). * Apocalipse 12:14;

- Foi dado à besta, um período de 42 meses para que tivesse autoridade sobre os habitantes da terra (42 meses = 3,5 anos) * Apocalipse 13:5.

Deus deu também à Jezabel em Tiatira tempo para se arrepender, mas, assim como a Jezabel do Antigo Testamento, ela se recusou (Apocalipse 2:21). Ela não quis mudar seu comportamento. Isso causou uma divisão marcante na igreja. Da mesma forma como havia acontecido no monte Carmelo, Tiatira estava dividida. De um lado, os poucos fiéis, que haviam rejeitado "os profundos segredos de Satanás" (Apocalipse 2:24); e do outro, Jezabel e seus filhos.

Nas profecias Bíblicas, 'mulher', seja ela fiel ou infiel, representa a igreja (Jeremias 6:2; Isaías 51:16; Efésios 5:25-32). Esse é um conceito fundamental para se entender o livro de Apocalipse. Por todo o Antigo Testamento, Deus comparou Seu povo a uma mulher. Seu amor perdoador e transformador chamava essa mulher de pura e perfeita quando Israel se arrependia e seguia as instruções de Deus (Isaías 54:5-6; Ezequiel 16:8-14; Oséias 2:14-23; Amós 5:2). E, em outras ocasiões, Deus chamava esse mesmo povo de mulher infiel, ou prostituta, quando Israel se voltava á idolatria e imoralidade (Jeremias 3:20; Oséias 1:2; Oséias 2:2-13; Ezequiel 16:15-19; Ezequiel 16:32). Esse conceito da igreja como a noiva de Cristo é visto também no Novo Testamento (2 Coríntios 11:2; Efésios 5:25-32; Apocalipse 12:1-6; Apocalipse 19:7-8). Quando chegarmos em Apocalipse 12 e 17, iremos estudar mais sobre duas mulheres. Uma representa a igreja pura, e a outra a igreja infiel.

 

*** Visão Geral ***: Jezabel representa a igreja infiel. Seus filhos são os seus seguidores. Resumindo, seus filhos são as igrejas que não ensinam a verdade de acordo com as Escrituras. São todas consideradas como a 'igreja infiel'. Os membros que permaneceram fiéis à mensagem original do Evangelho são a igreja remanescente de Cristo - a noiva fiel de Jesus. Jezabel do Antigo Testamento falsificou a autenticidade de seus direitos sobre a vinha de Nabote, o acusou falsamente, e se tornou culpada da morte desse homem inocente. Jezabel de Tiatira falsificou a autenticidade de seus direitos sobre a mudança da verdade de Deus, seduziu a igreja com falsas doutrinas, e se tornou culpada pela morte de seus seguidores. O simples fato de que o lado da igreja seguindo Jezabel era maior em número de membros, não  fez com que se tornasse a igreja original. Mesmo se o mundo inteiro pensasse que o grupo com maior número de seguidores fosse a igreja original, isso não mudaria a avaliação de Jesus sobre a situação. Tamanho ou quantidade não são um fator definitivo de caráter. Normalmente, o que acontece é justamente o contrário. Na batalha do Monte Carmelo, Elias estava de um lado, sozinho, contra 850 falsos profetas. E ainda assim, Elias era quem estava representando a verdade de Deus. Ele era o remanescente de Deus, e Sua testemunha fiel. Deus se revelou na hora certa, mostrando a todos que Ele está pronto a defender seu povo escolhido de qualquer um que se opuser à Sua verdade.

   

Bíblia - JF de Almeida RC  

   
   
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